terça-feira, fevereiro 01, 2005

ANGOLANOS E ANGOLANAS

“Um outro mundo é necessário e também possível" – Este é o grande lema do Forum Social Mundial(FSM) - 2005, Porto-Alegre,Capital Gaúcha do RS - Brasil,26 a 31 de Janeiro de 2005.Porto Alegre / RS constitui o ponto de partida e de convergência da cidadania planetária.
O FSM acontece sob forma de conferências, palestras, testemunhos, painéis e manifestações de vária ordem que se apresentam como veículos para a sociedade civil: expressar suas inquietações sobre as regras que regem o mundo; criticar a má gestão da coisa pública das nações e o capitalismo selvagem potencializado e quase perpectuado pelo neoliberalismo; aproximar, reunir, e promover a lógica diferente de entendimento do homem e da vida; embasar as propostas de transformação social, respeitando sempre a diversidade de raça, cor, origem, gênero, religião, etc. O quinto FSM de 2005 é um espaço participativo, que fortalece o diálogo para a convergência de acçöes e de lutas.
As 11 temáticas do FSM resumem-se nos seguintes pontos: 1- pensamento autônomo, reapropriação do conhecimento (dos saberes e das temáticas tecnológicas); 2- defesa das diversidades, popularidades e identidades; 3- arte e criação, construindo as culturas de resistência dos povos; 4- comunicação: práticas contra-hegemónicas, direito e alternativas; 5- afirmação e defesa dos bens comuns da terra e dos povos, como alternativa à mercantilização e ao controle das lutas transnacionais; 6- promoção das lutas sociais e alternativas democráticas, contra a dominação neoliberal; 7-paz e desmilitarização - luta conta a guerra, o livre comércio e a dívida; 8- rumo à construção de uma ordem democrática internacional e integração dos povos; 9- promoção de economias soberanas pelos e para os povos, contra o capitalismo neoliberal; 10- defesa dos direitos humanos e da dignidade para um mundo justo e igualitário; 11- ética, cosmo visões e espiritualidades - resistências e desafios para um mundo novo.
Paralelamente a estas 11 temáticas, temos 5 eixos transversais: 1- emancipação social e dimensão política das lutas; 2- luta contra o capitalismo patriarcal; 3- luta contra o racismo e outras formas de exclusão baseadas na ascendência; 4- gênero; 5- diversidade.

Meus compatriotas angolanos de dentro e da diáspora, ogs e ongs, missionários e responsáveis pela vida espiritual, social e econômica do povo de Angola, militares, paramilitares e entidades públicas e civis (...), etc., o lema do FSM é símbolo de referência obrigatória para o engajamento e a cooperação de todos, na busca de alternativas à globalização neoliberal no nosso país que acaba de sair da guerra das armas de fogo e no mundo inteiro. Descurar do conteúdo de um destes 11 pontos temáticos e destes 5 eixos transversais, é "chover no molhado", é "pescar peixe na areia" e é "banhar-se em águas pútridas". É, portanto descurar da mística da paz, é promover a guerra, pois que nunca haverá paz no mundo enquanto houver injustiças mínimas ente nós, e, a mãe da paz é a justiça e seu pai é o cuidado. Acima de tudo, Angola deve investir na educação de seus filhos e filhas, como melhor prática de liberdade, na feliz abordagem de Paulo Freire, de modo a evitar-se aquelas enfermas obediências cegas e humildes, como um dia, Salazar o referenciou, discursando para os chefes das províncias ultramarinas, sobretudo à angolana naquela época: "Não deixem que o indígena faça mais que a quarta classe para que permaneça humilde e obediente". E, nós trazemos no nosso sangue as seqüelas deste édito salazarista. Procuremos reciclar nossas idéias e nossos ideais para com a nossa linda, amada e abençoada mãe Angola e seus nobres filhos, para que seja realmente nova e de todos e que nela, um outro mundo seja necessário e possível.
Para tal será necessário, como o aludia Lula, presidente brasileiro, no FEM - fórum econômico mundial na Suíça e acontece paralelamente com o FSM, que era necessário financiar a guerra contra a pobreza no mundo, sobretudo nos países mais pobres. E nós podíamos com uma boa vontade política e gerencial do nosso potencial socioeconômico acabar com essa depressão social do país geradora de outras vicissitudes periclitantes. Assim, todos, de cabeça erguida, cuidaremos de exorcizar o medo entre nós e deste modo o homem já não será lobo para o outro homem. Ainda promoveremos a cultura da paz que não é só o calar de armas de fogo, como e sobretudo a prática da justiça ou equidade social. Esta paz fará unida a família humana do mundo inteiro, sobretudo a da nossa terra angolana. O contrário desta conduta, isto é, tendo medo uns dos outros, nos anteciparemos na violência, de modo que o pobre será inimigo do policial, sendo visto a priori como ladrão, bandido, preguiçoso. Estes são os sinais dos países neoliberais e capitalistas. Acredito, não ser possível, num país como o nosso, enquanto se luta para a conferencia de doadores, na luta contra a pobreza, alguém pensar, comprar carros que banquem US$800.000,00 cada um. Eu não acredito nem imagino que isto seja possível acontecer.
Se for o caso, então podemos refletir na nossa consciência sobre a questão social do país e quem pode representar o país em eventos como por exemplo o FSM 2005 em Porto Alegre. E que importância damos para uma Angola nova, possível mas também necessária! cada angolano pode refletir na própria responsabilidade que o social tem para nossa terra hoje. Vamos, analisar de cabeça fria, serena e realista, como igrejas, entidades políticas, social, governamentais, meios de comunicação sociais, homens e mulheres de boa vontade. A luta ou é conjuntural ou é sempre perdida. Quem de Angola representou o país com a propaganda e a bandeira da república de Angola:
1- ONG JUBILEU 2000: Benjamin Alvaral Marinela de Fátima Maria Lúcia Siveira Maria Simone Álvaro do Céu João Baptista Kukombo Cândida Celeste Ekahungo Adelino Manuel Tchilundulu Isabel Manuel Diogo Maria Júlia António António Lufutu Kiala Sebastião G. Martins da Costa Maria Joana Bernardo Costa Teresa Maria de Jesus Correia L. Pereira Francisco Filomeno Vieira Lopes Ernesto Jorge Kikabo Kasinda Ana Maria Matilde Samuel João José Gregório António Joaquim de Assis Zeferino
2- MINISTÉRIO DA SAÚDE: Carlos Alberto António.
3- TROCAIRE - ANGOLA Jordão Pascoal António. Manuel Mufulutona Paulo Joaquim Humba Máquina
4- PARTIDO POLÍTICO: FRENTE PARA A DEMOCRACIA Nelson Pestano José Eduardo Agualusa Filomeno Vieira Lopes Luisa Simeão.
Deste modo, para onde caminhas Angola? Meu testemunho é de que quase todos os países do mundo se fizeram representar, pelo pessoal das ONGs e OGs, Órgãos de comunicação Social, estaduais ou independentes; Órgãos das Igrejas cristãs e asiáticas, presbíteros, religiosos e religiosas, movimentos internacionais, etc. E tu Angola? Não te deixaste apresentar e representar segundo o teu potencial porquê? Será que não pudeste estar presente porque não tinhas recursos econômicos ou porque alguns de teus filhos, usurpam tanto pelo fato de teus o potencial aquisitivo econômico de modo que até possas em alguns de teus filhos e filhas são capazes de escolher e aprovar este ou aquele projeto lei ou ainda porque alguém é capaz de adquirir carros que custem $US 800.0000,00. Tu tens condições de investires em tudo individual e capitalista, menos no trabalho social! Qual seria nossa resposta depois de termos avaliado os irmãos irmãs que ergueram o nome do país com as bandeiras da república lista dos angolanos, desfilando em algumas artérias de Porto-Alegre.
Diante desta representação de Angola no FSM, poderíamos receber o próximo Fórum se acontecesse no nosso país, já que o próximo acontecerá em um país da África mãe?

Martinho Kavaya,Porto-Alegre( Sacerdote diocesano de Benguela, estudante no Brasil)

1 comentário:

Anónimo disse...

Estou muito satisfeito pelo trabalho que ONDAKA apresenta por um lado mas por outro, fica doendo a preocupaçao de esta fragilidade de interpretaçao do Génerio e diversidade seja tida de facto com exemplos práticos no no dia-dia dos Angolanos.
Somos, um pais Belo cujo a tragetória da nossa História nao poder ser confundida muito menos igualada a de outros povos no Mundo...
É preciso darmo-nos as maos e pautar pela preservaçao da nossa razao de ser


....Até
DAWLTON