sábado, abril 23, 2005

DEPUTADOS DA OPOSIÇÃO DEVIAM FILIAR-SE NO MPLA

Deputados da oposição deviam filiar-se no MPLA, excepção seja feita aos do PRS
«Habemus Provedor de Justiça»!? Acabava de ver a notícia da eleição do novo Papa, que recaiu sobre o Cardeal Joseph Ratzinger, quando tomei conhecimento do e-mail que me foi enviado pelo meu amigo e distinto cidadão, Luís Araújo, que preside a associação cívica SOS Habitat, no qual me dava conta da eleição de Paulo Tjipilica ao cargo de Provedor de Justiça. Não há muito tempo, neste espaço, quando ainda se conjecturava a sua eleição, manifestei as razões da minha discordância e apresentei o enquadramento teórico e jurídico em que se conforma a figura de Provedor de Justiça, pelo que, hoje, se afigura desnecessário repeti-las. Na altura, como aliás fica confirmado, tinha plena consciência da impotência em que me encontrava ao emitir a minha opinião; fi-lo por imperativo cívico, dado que não compreendia, e continuo sem compreender, como é que alguém, como o cidadão em causa, que não oferece as mínimas condições políticas de independência, pode ser proposto, e inclusivamente eleito, para exercer um cargo cuja a margem de manobra e o poder de intervenção reside sobretudo na autoridade pessoal de quem o preside. No entanto, houve reacções que se seguiram – vindas de organizações cívicas angolanas, designadamente uma posição pública conjunta assinada pela Associação Justiça, Paz e Democracia, pela SOS HABITAT, pelo Centro Nacional de Aconselhamento (NCC), pelo RTC – Coligação para a Transparência e pela ADPCI, na qual solicitaram a todos os Deputados que criassem uma comissão de inquérito para aferir da idoneidade de Paulo Tjilipila, e apelavam para os perigos de se eleger uma pessoa sobre a qual recaem graves acusações públicas de práticas contrárias ao Direito e à Justiça – que fizeram nascer em mim a expectativa de que os Deputados, sobretudo os da Oposição, dificilmente aceitariam a referida pessoa. Não se pode, de ânimo leve, não dar atenção às acusações públicas que pendem sobre a pessoa em causa, mais ainda porque o cargo de Provedor de Justiça está, em muito, dependente da especial relação de confiança que os cidadãos e organizações cívicas estabelecem com o titular do cargo. Ocorre que Paulo Tjipilica não tem, na actualidade, qualquer credibilidade política, não só junto da sociedade, como também nos círculos do poder. Como poderá assim defender os direitos e interesses dos cidadãos em confronto com os poderes públicos? A nossa memória ainda está bastante fresca: Paulo Tjipilica acaba de sair do Governo, tendo, inclusive, batido recorde na manutenção do mandato enquanto membro do Governo central; esteve mais de 10 anos a dirigir o Ministério da Justiça, com uma oportunidade soberana de fazer reformas tão desejadas há muito. Porém, só lhe ficámos a conhecer a retórica vazia. Que não nos enganemos, não foi por competência que o mesmo se manteve tanto tempo à frente dos destinos da Justiça, não, até porque não parece que a competência tenha sido, algum dia, o critério seguido por quem tem poder de nomear e exonerar os Ministros; pelo contrário, quanto a nós, foi por cumplicidade, por estar comprometido e por ter perdido a capacidade política de propor e fazer. Sendo assim, importa perguntar, mas só àqueles que têm um mínimo de juízo e razoabilidade (porque aos outros nem vale a pena, uma vez que já sabemos do que são capazes, ou melhor, do que foram capazes: nomear um Provedor que será apenas uma figura cosmética, de «fachada» e «encenadora»): porque razão foi eleito Paulo Tjipilica? Não creio que haja alguma razão que seja minimamente convincente e defensável. Continuo a pensar que se trata de pura acomodação política. O que não é de estranhar, sendo uma iniciativa do partido governante, que, ao fim ao cabo, sempre nos habituou a manter toda a «lixeira» de pseudo «ex-governantes» activos e acomodados no poder, como se estivessem algemados com uma corrente elástica. Todavia, o que é profundamente obsceno e deplorável, e deixa-me completamente destroçado, é o facto de a oposição ter viabilizado a eleição de Paulo Tjipilica. A eleição do Provedor, nos termos da nossa Constituição, só pode ser conseguida com uma maioria de 2/3, o que, no actual quadro, obriga a um compromisso entre o partido governante e o maior partido da Oposição. Neste sentido, em minha modesta opinião, a Oposição tinha uma excelente oportunidade para exercer o seu papel, que não seria de se opor cegamente, tratava-se simplesmente de apresentar candidatos alternativos, que oferecessem o mínimo de garantias exigível. Perante o que aconteceu, é legítimo dizer que provavelmente andámos enganados; temos acreditado que, apesar de tudo, existe uma Oposição angolana capaz de opor-se construtivamente ao Governo, capaz de condicionar certas opções estratégicas e capaz de apontar um rumo diferente ao país, quando, infelizmente, parece que não tem tal capacidade ou, na pior das hipóteses, ela própria não existe. Se assim for, devemos nós desenganar-se! É facto que uma solução de compromisso pode estar na origem do voto favorável da oposição, excepção seja feita ao PRS. Se não tiver sido por solução de compromisso, possivelmente a UNITA terá viabilizado a eleição influenciada pelo factor étnico (o que é pouco provável) ou pela errada convicção de que estavam perante um antigo correligionário, que ainda conserva os valores e princípios que juntos comungaram, ao invés de olharem para o perfil e postura política dessa pessoa, hoje. Seja qual tiver sido a motivação é, sob todos os prismas, reprovável. Se for uma solução de compromisso, a UNITA estará tremendamente desorientada, porque revelaria não ter bem a noção estratégica que resulta dos ganhos parciais na consolidação de instituições vitais da democracia, como é o caso da Provedoria de Justiça. E se for verdade que a UNITA embarcou numa solução de compromisso, assim como os demais partidos da oposição, inclino-me a acompanhar o grito de revolta, tal como o expressou o meu amigo Luís Araújo no seu e-mail: «é melhor formalizarem a filiação partidária no MPLA», para que não continuemos a ser enganados, pensando que existe uma oposição, quando, na verdade, existirá apenas no «mundo das ideias». Com a viabilização do Provedor de Justiça, a Oposição banalizou o parlamento. A partir de agora deverá ficar calada quanto a matérias de igual natureza. Não parece que seja assim que se constroem alternativas e se mobiliza a sociedade para a mudança. Ainda que das alternativas que indicassem, se as tivessem ao menos apresentado, nenhuma fosse aprovada, a sociedade tomaria consciência de que existem pessoas capazes que podem a fazer a diferença e melhor do que o que tem sido feito até aqui, o que seria, sem dúvida nenhuma um ganho. E as pessoas não teriam que ser necessariamente da UNITA ou de outro partido da Oposição, poderiam até ir buscar alguém que fosse próximo do MPLA, mas cujo o perfil oferecesse a tal margem de manobra que já referi. Para terminar, vale referir que acompanhado do e-mail do meu amigo, Luís Araújo, vinha uma carta do escritório das Nações Unidas em Angola, dirigida às organizações cívicas angolanas, sensibilizando-as para a importância que terá a interacção com o Provedor de Justiça ora eleito, e afirmando que o Provedor de Justiça poderá fazer muito dependendo do papel que as organizações tiverem. Primeiro, acho infeliz a carta, discordo do ponto de vista que apresentam. É enganador. Porque sabemos, à partida, que o Provedor eleito não terá qualquer capacidade política para afrontar o poder estabelecido, porque ele próprio é parte e está mancomunado com este poder. A sua eleição é uma tremenda encenação, falseada de «democracia». É por isso que entendo que os representantes dos escritórios da Nações Unidas em Angola deveriam ter alguma contenção e evitar fazer pronunciamentos que denigrem e desprestigiam uma instituição internacional tão valorizada como a ONU. O problema que se coloca não é de fazer alguma coisa para constar dos relatórios, «para o inglês ver», trata-se, efectivamente, de ter as garantias mínimas de que o Provedor vai actuar em defesa dos cidadãos, dos princípios e valores constitucionais e dos mais nobres interesses públicos em jogo. São essas garantias que não existem, porque o Provedor eleito, com todo respeito que a sua pessoa nos merece, é um impotente «ab initio».
Pedro Romão, Estudante de Direito e Membro da Associação Justiça, Paz e Democracia

6 comentários:

Anónimo disse...

Não sei como é que Pedro Romão como jurista pretende julgar alguém que não o viu actuar no cargo ora eleito, e ademais ofendendo o Parlamento e as Nações Unidas:
1- um juiz não pode julgar alguém que nem se quer foi acusado.
2- Se faz parte de uma organização que se dá o titulo dedemocracia e paz, entao defenderia um candidato democrata e fomentaria a paz, e nunca e nunca mesmo dirigiria insultos a angolanos e a estrangeiros.
Irmao Romao se tens problemas pessoas com o homem, reconcilia-te com ele,faça a paz, é tempo de paz e não de guerra. ainda bem que só voce dirigiu maldade e nao o parlamento nem tao-pouco a ONU.

Joao Catumbela, Estudante de Direito e Teólogo.

Anónimo disse...

Dr Hugo de Menezes e Dr Eduardo Macedo dos Santos fazem os primeiros contactos com os refugiados angolanos existentes no Congo de forma clandestina.

A 5 de agosto de 1961 parte com a família para o Congo Leopoldina ,aí forma com outros jovens médicos angolanos recém chegados o CVAAR ( centro voluntário de assistência aos Angolanos refugiados).

Participou na aquisição clandestina de armas de um paiol do governo congolês.
Em 1962 representa o MPLA em Accra(Ghana ) como Freedom Fighters.

Em Accra , contando unicamente com os seus próprios meios, redigiu e editou o primeiro jornal do MPLA , Faúlha.

Em 1964 entrevistou Ernesto Che Guevara como repórter do mesmo jornal, na residência do embaixador de Cuba em Ghana , Armando Entralgo Gonzales.
Ainda em Accra, emprega-se na rádio Ghana juntamente com a sua esposa nas emissões de língua portuguesa onde fazem um trabalho excepcional. Enviam para todo mundo mensagens sobre atrocidades do colonialismo português ,e convida os angolanos a reagirem e lutarem pela sua liberdade. Estas emissões são ouvidas por todos cantos de Angola.

Em 1966´é criada a CLSTP (Comité de libertação de São Tomé e Príncipe ),sendo Hugo um dos fundadores.

Neste mesmo ano dá-se o golpe de estado, e Nkwme Nkruma é deposto. Nesta sequência ,Hugo de Menezes como representante dos interesses do MPLA em Accra ,exilou-se na embaixada de Cuba com ordem de Fidel Castro. Com o golpe de estado, as representações diplomáticas que praticavam uma política favorável a Nkwme Nkruma são obrigadas a abandonar Ghana .Nesta sequência , Hugo foge com a família para o Togo.

Em 1968,Agostinho Neto actual presidente do MPLA convida-o a regressar para o movimento no Congo Brazzaville como médico da segunda região militar: Dirige o SAM e dá assistência médica a todos os militantes que vivem a aquela zona. Acompanha os guerrilheiros nas suas bases ,no interior do território Angolano, onde é alcunhado “ CALA a BOCA” por atravessar essa zona considerada perigosa sempre em silêncio.

Hugo de Menezes colabora na abertura do primeiro estabelecimento de ensino primário e secundário em Dolisie ,onde ele e sua esposa dão aulas.

Saturado dos conflitos internos no MPLA ,aliado a difícil e prolongada vida de sobrevivência ,em 1972 parte para Brazzaville.

Em 1973,descontente com a situação no MPLA e a falta de democraticidade interna ,foi ,com os irmãos Mário e Joaquim Pinto de Andrade , Gentil Viana e outros ,signatários do « Manifesto dos 19», que daria lugar a revolta activa. Neste mesmo ano, participa no congresso de Lusaka pela revolta activa.
Em 1974 entra em Angola ,juntamente com Liceu Vieira Dias e Maria de Céu Carmo Reis ( Depois da chegada a Luanda a saída do aeroporto ,um grupo de pessoas organizadas apedrejou o Hugo de tal forma que foi necessário a intervenção do próprio Liceu Vieira Dias).

Em 1977 é convidado para o cargo de director do hospital Maria Pia onde exerce durante alguns anos .

Na década de 80 exerce o cargo de presidente da junta médica nacional ,dirige e elabora o primeiro simpósio nacional de remédios.

Em 1992 participa na formação do PRD ( partido renovador democrático).
Em 1997-1998 é diagnosticado cancro.

A 11 de Maio de 2000 morre Azancot de Menezes, figura mítica da historia Angolana.

Anónimo disse...

O PERCURSO De DR HUGO JOSÉ AZANCOT DE MENEZES

Hugo de Menezes nasceu na cidade de São Tomé a 09 de fevereiro de 1928, filho do Dr Ayres Sacramento de Menezes.

Aos três anos de idade chegou a Angola onde fez o ensino primário.
Nos anos 40, fez o estudo secundário e superior em Lisboa, onde concluiu o curso de medicina pela faculdade de Lisboa.
Neste pais, participou na fundação e direcção de associações estudantis, como a casa dos estudantes do império juntamente com Mário Pinto de Andrade ,Jacob Azancot de Menezes, Manuel Pedro Azancot de Menezes, Marcelino dos Santos e outros.
Em janeiro de 1959 parte de Lisboa para Londres com objectivo de fazer uma especialidade, e contactar nacionalistas das colónias de expressão inglesa como Joshua Nkomo( então presidente da Zapu, e mais tarde vice-presidente do Zimbabué),George Houser ( director executivo do Américan Commitee on África),Alão Bashorun ( defensor de Naby Yola ,na Nigéria e bastonário da ordem dos advogados no mesmo pais9, Felix Moumié ( presidente da UPC, União das populações dos Camarões),Bem Barka (na altura secretário da UMT- União Marroquina do trabalho), e outros, os quais se tornou amigo e confidente das suas ideias revolucionárias.
Uns meses depois vai para Paris, onde se junta a nacionalistas da Fianfe ( políticos nacionalistas das ex. colónias Francesas ) como por exemplo Henry Lopez( actualmente embaixador do Congo em Paris),o então embaixador da Guiné-Conacry em Paris( Naby Yola).
A este último pediu para ir para Conacry, não só com objectivo de exercer a sua profissão de médico como também para prosseguir as actividades políticas iniciadas em lisboa.
Desta forma ,Hugo de Menezes chega ao já independente pais africano a 05-de agosto de 1959 por decisão do próprio presidente Sekou -Touré.
Em fevereiro de 1960 apresenta-se em Tunes na 2ª conferência dos povos africanos, como membro do MAC , com ele encontram-se Amilcar Cabral, Viriato da Cruz, Mario Pinto de Andrade , e outros.
Encontram-se igualmente presente o nacionalista Gilmore ,hoje Holden Roberto , com o qual a partir desta data iniciou correspondência e diálogo assíduos.
De regresso ao pais que o acolheu, Hugo utiliza da sua influência junto do presidente Sekou-touré a fim de permitir a entrada de alguns camaradas seus que então pudessem lançar o grito da liberdade.

Lúcio Lara e sua família foram os primeiros, seguindo-lhe Viriato da Cruz, Mário de Andrade , Amílcar Cabral e dr Eduardo Macedo dos Santos.

Na residência de Hugo, noites e dias árduos ,passados em discussões e trabalho… nasce o MPLA ( movimento popular de libertação de Angola).
Desta forma é criado o 1º comité director do MPLA ,possuindo Menezes o cartão nº 6,sendo na realidade Membro fundador nº5 do MPLA .
De todos ,é o único que possui uma actividade remunerada, utilizando o seu rendimento e meio de transporte pessoal para que o movimento desse os seus primeiros passos.
Dr Hugo de Menezes e Dr Eduardo Macedo dos Santos fazem os primeiros contactos com os refugiados angolanos existentes no Congo de forma clandestina.

A 5 de agosto de 1961 parte com a família para o Congo Leopoldina ,aí forma com outros jovens médicos angolanos recém chegados o CVAAR ( centro voluntário de assistência aos Angolanos refugiados).

Participou na aquisição clandestina de armas de um paiol do governo congolês.
Em 1962 representa o MPLA em Accra(Ghana ) como Freedom Fighters.

Em Accra , contando unicamente com os seus próprios meios, redigiu e editou o primeiro jornal do MPLA , Faúlha.

Em 1964 entrevistou Ernesto Che Guevara como repórter do mesmo jornal, na residência do embaixador de Cuba em Ghana , Armando Entralgo Gonzales.
Ainda em Accra, emprega-se na rádio Ghana juntamente com a sua esposa nas emissões de língua portuguesa onde fazem um trabalho excepcional. Enviam para todo mundo mensagens sobre atrocidades do colonialismo português ,e convida os angolanos a reagirem e lutarem pela sua liberdade. Estas emissões são ouvidas por todos cantos de Angola.

Em 1966´é criada a CLSTP (Comité de libertação de São Tomé e Príncipe ),sendo Hugo um dos fundadores.

Neste mesmo ano dá-se o golpe de estado, e Nkwme Nkruma é deposto. Nesta sequência ,Hugo de Menezes como representante dos interesses do MPLA em Accra ,exilou-se na embaixada de Cuba com ordem de Fidel Castro. Com o golpe de estado, as representações diplomáticas que praticavam uma política favorável a Nkwme Nkruma são obrigadas a abandonar Ghana .Nesta sequência , Hugo foge com a família para o Togo.

Em 1968,Agostinho Neto actual presidente do MPLA convida-o a regressar para o movimento no Congo Brazzaville como médico da segunda região militar: Dirige o SAM e dá assistência médica a todos os militantes que vivem a aquela zona. Acompanha os guerrilheiros nas suas bases ,no interior do território Angolano, onde é alcunhado “ CALA a BOCA” por atravessar essa zona considerada perigosa sempre em silêncio.

Hugo de Menezes colabora na abertura do primeiro estabelecimento de ensino primário e secundário em Dolisie ,onde ele e sua esposa dão aulas.

Saturado dos conflitos internos no MPLA ,aliado a difícil e prolongada vida de sobrevivência ,em 1972 parte para Brazzaville.

Em 1973,descontente com a situação no MPLA e a falta de democraticidade interna ,foi ,com os irmãos Mário e Joaquim Pinto de Andrade , Gentil Viana e outros ,signatários do « Manifesto dos 19», que daria lugar a revolta activa. Neste mesmo ano, participa no congresso de Lusaka pela revolta activa.
Em 1974 entra em Angola ,juntamente com Liceu Vieira Dias e Maria de Céu Carmo Reis ( Depois da chegada a Luanda a saída do aeroporto ,um grupo de pessoas organizadas apedrejou o Hugo de tal forma que foi necessário a intervenção do próprio Liceu Vieira Dias).

Em 1977 é convidado para o cargo de director do hospital Maria Pia onde exerce durante alguns anos .

Na década de 80 exerce o cargo de presidente da junta médica nacional ,dirige e elabora o primeiro simpósio nacional de remédios.

Em 1992 participa na formação do PRD ( partido renovador democrático).
Em 1997-1998 é diagnosticado cancro.

A 11 de Maio de 2000 morre Azancot de Menezes, figura mítica da historia Angolana.

Anónimo disse...

UMA CRÍTICA MUITO DURA AOS MÉTODOS DO MPLA

Ao saber da conversa ocorrida em Acra (Ghana), Lúcio Lara reagiu: « Os cubanos falam de mais»

HUGO AZANCOT DE MENEZES

Longe de mim a pretensão de ter feito história ou de escrevê-la.
Contudo, vivi factos que envolvem, também , outros protagonistas.
Alguns, figuras ilustres. Outros, gente humilde, sem nome e sem história, relacionados, apesar de tudo, com períodos inolvidáveis das nossas vidas.
Alguns destes factos , ainda que de fraca relevância, podem ter interesse, como « entrelinhas da História», para ajudar a compreender situações controversas.
Conheci Ernesto Che Guevara em Acra , em 1964, e comprometi - me a não publicar alguns temas abordados na entrevista que tive o privilégio de lhe fazer como « repórter» do jornal Faúlha.

Já se passaram mais de 30 anos. O contexto actual é outro.
Pela primeira vez os revelo, na certeza de que já não é o quebrar de um compromisso, nem a profanação de uma imagem que no
A entrevista realizou-se na residência do embaixador de Cuba em Acra , Armando Entralgo González, que nos distinguiu com a sua presença.
Ali estava Che…
A sua tez muito pálida contrastava com o verde - escuro da farda.
As botas negras, impecavelmente limpas.
Encontrei-o em plena crise de asma, Socorria - se , amiúde, de uma bomba de borracha.
Che Guevara , deus dos ateus, dos espoliados e dos explorados do terceiro mundo, deus da guerrilha, tinha na mão uma bomba, não para destruir mas para se tratar… de falta de ar. Aspirava as bombadas, dando sempre mostras de um grande auto -domínio.
Fora-me solicitado que submetesse o questionário à sua prévia apreciação - e assim o fiz.
Uma das questões dizia respeito à cultura da cana - de - açúcar em Cuba.
Como encarava ele a aparente contradição de combater teoricamente a monocultura - apanágio dos sistemas de exploração colonial e tão típica dos sistemas de exploração colonial e tão típica do subdesenvolvimento - ao mesmo tempo que fomentava, ao extremo, a cultura da cana e a produção de açúcar - mono -produto de que Cuba se tornaria, afinal, cada vez mais dependente?
Outro tema que nos preocupava, a nós , africanos, era o papel dos cidadãos cubanos de origem africana na revolução cubana e a fraca representação deles nos órgãos de direcção dos país e do partido, os quais tinham proscrito qualquer discriminação racial.
Não constituiria o comandante Juan D´Almeida - único afro - cubano na direcção do partido - uma excepção?
Entretanto, a crise de asma agudizava-se , o que nem a mim me dava o à - vontade requerido nem, obviamente, ao meu interlocutor a disposição necessária para o diálogo.
Insistiu para que eu o iniciasse. Ao responder - lhe que não me sentia á vontade para fazê-lo, em virtude de seu estado, disse - me em tom provocante e com certa ironia :« Vejo que você é um jornalista muito tímido.»

No mesmo tom lhe respondi, que não me tinha pronunciado como jornalista, mas como médico .« Comandante, as suas condições não lhe permitem dar qualquer entrevista», disse-lhe eu.
Olhando-me , meio surpreso e sempre irónico, replicou: « Companheiro, eu não falo como doente, também falo como médico.
Em meu entender, estou em condições de dar a entrevista.»
Mas a crise de asma não melhorava, tornando impossível o diálogo. Foi necessário adiá-lo.
Reencontrámo-nos dias depois. Estava, então, quase eufórico. Referindo-se á atitude dos cidadãos cubanos de origem africana, à sua fraca participação na revolução, disse não gostar de se referir á origem ou à raça dos homens.
Apenas à espécie humana, a cidadãos, a companheiros.
Manifestei-lhe a minha total concordância. «A verdade », disse-lhe eu, «é que a revolução cubana tinha suscitado em todos nós , africanos, uma enorme expectativa, muita esperança, pois que, pela primeira vez, assistia-mos a um processo revolucionário de cariz marxista, num país subdesenvolvido e eis - colonial , tendo, lado a lado, cidadãos de origem europeia e africana, e onde a discriminação racial tinha sido, e ainda era, tão notório.»
Cuba seria pois, para nós, africanos, um teste. Seguíamos atentamente a sua evolução e queríamos ver como seria resolvido este problema.
Muitos, em África, mostravam-se cépticos. Mais do que interesse, da nossa parte existia ansiedade.
Segundo Che Guevara , a população de origem africana, a principio, não participava no processo. Via-o com uma certa indiferença, como mais uma luta…
«deles». Mas a desconfiança estava a desaparecer, era cada vez maior a adesão, á medida que iam constatando que este processo era totalmente diferente daqueles que o precederam. Que era um processo para todos.
Che Guevara acabava de chegar do Congo - Brazzaville.Visitara as bases do MPLA em Cabinda (de facto, na zona fronteiriça Congo/ Brazzaville /Cabinda) .
Pedi - lhe que me desse as impressões da sua visita. Che não era um diplomata, mas um guerrilheiro, e foi directamente à questão:
« O MPLA tem ao seu dispor condições de luta excepcionais.
Quem nos dera a nós que, durante a guerrilha, em Cuba, tivéssemos algo comparável. Mas estas condições não estão a ser devidamente aproveitadas, exploradas …
O MPLA não luta, não procura o inimigo , não ataca…
O inimigo deve ser procurado, deve ser fustigado, deve ser perseguido, mesmo no banho. Agostinho Neto está a utilizar a luta armada apenas como mero instrumento de pressão política.»
Dei parte da conversa a Agostinho Neto. Não reagiu. Tal como a Lúcio Lara, que me respondeu:
« Os cubanos falam demais.»
Mas Che falava verdade. Durante vários anos, na minha qualidade de responsável dos serviços de assistência médica da 2º região político - militar do MPLA (Cabinda ) , fui disso testemunha a cada passo.
Aí e assim , como contestação a esta e outras situações idênticas, surgiria dentro do movimento, antes de Abril de 1974, a Revolta Activa.

Hugo José Azancot de Menezes foi médico. Foi um dos fundadores do MPLA

Anónimo disse...

REPERCUSSÃO DO JORNAL FAULHA E SUA DIVULGAÇÃO; JORNAL CRIADO PELO DR HUGO JOSÉ AZANCOT DE MENEZES CUJO PRIMEIRO NÚMERO FOI RECEBIDO PELO POLÍTICO LUIS CABRAL ,IRMÃO DO AMILCAR CABRAL, TESTEMUNHANDO A RECEPÇÃO DO JORNAL COM O ENVIO DESTA MENSAGEM.




LISN LISN 21/ SET/ 65


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Anónimo disse...

O PRESIDENTE AGOSTINHO NETO TAMBÉM QUIZ NEUTRALIZAR FISICAMENTE OS MEMBROS DA REVOLTA ACTIVA NO PERIODO QUE CICUNDAVA A CONFERÊNCIA DE LUSAKA.
UMA DAS PROVAS FOI O ASSALTO DA SEDE DA REVOLTA ACTIVA EM BRAZZAVILLE ,REP DO CONGO ONDE ESTAVA ALOJADO O MARIO PINTO DE ANDRADE.
NUMA NOITE EM QUE O MARIO PINTO DE ANDRADE NÃO SE ENCONTRAVA LÁ HOSPEDADO POR RAZÕES DE SEGURANÇA FOI INVADIDIDO POR POR UM INTRUSO QUE CONSEGUIU ENTRAR COM UMA CHAVE FALSA E POR E POR POUCO ENTRARIA NOS APOSENTOS ONDE COSTUMA ESTAR O MARIO PINTO DE ANDRADE,QUE NESTA NOITE NÃO PERNOITO NESTE LOCAL.
O INTRUSO FOI SURPREENDIDO COM UMA REACÇÃO VIGUROSA DOS MEMBROS DA REVOLTA ACTIVA QUE SE ENCONTRAVAM NESTA INSTALAÇÃO QUE SENTIRAM UMA CHAVE FALSA A RODAR A FECHADURA.
AO SOM DO PRIMEIRO TIRO QUE NÃO ACERTO O INTRUSO E A SEGUNDA BALA TER INCRAVADO ELE CONSEGUIU FUGIR.
PERANTE O DESEJO DE NETO EM LIQUIDAR OS MEMBROS DA REVOLTA ACTIVA O PRESIDENTE MARIEN NGUABI QUIZ EXPULSAR O NETO E OS SEUS SERVENTUARIOS DO CONGO BRAZZAVILLE.