quinta-feira, março 04, 2010

COISAS DA TERRA!!!

Há uns anos, tive a oportunidade de conhecer as terras de MABIDA. O primo que me foi apanhar ao aeroporto de Jobgh me ofereceu uma visita guiada pelas principais ruas dessa cidade. A caminho de Pretória, estacionou o carro em frente ao edificio do Union Building! A seguir convidou-me a sair do carro e com um sorriso no lábio disse-me: este é o edificio da cidade alta da África do Sul! Podes subir por estas escadas e ir até ali, ou então dares uma volta por esse jardim!

Fiquei tão aparvalhado com a situação que, cheguei a pensar que o primo estava a zoar com a minha cara! Mas era verdade. Estavamos em pleno jardim oficial do Mr. Mbeki! Sem guardas a afastar educada ou rudemente os visitantes, nem com olhares ameaçadores. Simplesmente, eu não queria acreditar no que estava a acontecer. 

Mas que culpa tinha eu, nascido e crescido na caimama. Na província, onde o pessoal é bazeza, como se diz na capital! (Um dia vou escrever sobre esses abusos dos da capital!) Lembrei-me de ter passado apressadamente na nossa capital e de me terem indicado de kaxexe a nossa cidade alta. Porque se o fizessem de perto ou estacionar o carro bem perto, seria maka grande. Também lembrei-me do meu kamba da tuga que convidei para assistir ao meu casório. Na capital, hospedou-se bem junto a cidade alta. Armado em turista, sacou da maquina fotográfica e experimentou tirar umas fotos. Azar! "Meu, não faz isso. Podes ficar sem a cara e sem chance de saber de onde veio o tiro!" Conselho de gente avisada e habituada aos nossos modos.

Por isso, em terras de Madiba tive dificuldade de digerir a informação e a surpresa que o primo me aprontou. Dá para entender?! Claro que dá. Os habitos não mudam assim do dia para noite. Precisamos de tempo para nos habituar a novas realidades. 

É tão verdade que outro dia, nos tempos da faculdade, chamei o elevador, já que no nosso kimbo não havia. A porta abriu e, para surpresa minha, lá estava o Professor Doutor Aníbal Cavaco Silva, o actual presidente da República Portuguesa. Atrapalhado com o encontro inesperado, pedi desculpa e deixei o elevador e o Professor seguirem seu caminho, apesar da simplicidade e insistência do Professor para eu entrar!!!

Dá para compreender a trapalice! Claro que sim. Na nossa terra, os ilustres fazem-se anunciar e querem distancia dos comuns dos mortais. Isso mesmo. Por mais que queiram ser simples, acabam sendo consumidos pelo modus operandi. Tal qual aconteceu com um ilustre da terra que tive oportunidade de conhecer em Lisboa. Para saudá-lo na banda tive de marcar audiência e esperar uma semana!!! Pode?! Claro que sim. Na banda, todos somos ilustres, excelências...

A desabituação é tanta que, a caminho da fau fui ultrapassado pelo ministro português da economia. Acabara de sair do metro e ia, bastante apressado, ao Parlamento da República. O trajecto a pé leva 15 minutos. Mas ele ia sozinho. Para ter certeza do que os meus olhos viam, olhei a volta para certificar-me que o homem ia mesmo sozinho. E era verdade. Simplesmente sozinho, a pé, num percurso de 15 minutos... Como os outros são simples, né!?

A simplecidade só contraste com a forma desprezível e indiferente com que alguns políticos se tratam. Transformam  a diferença política, o combate político em combate pessoal ou desprezo pessoal. Só assim é possível compreender a indiferença do deputado comunista que cruzou com o ministro da economia socialista. Cheguei a pensar que nenhum deles terá visto o outro. Mentira, porque o passeio era tão estreito que não dava para passarem os dois ao mesmo tempo. Um deles teve de parar para dar prioridade ao outro.

Um aperto de mão é pedir muito?! São os habitos da terra. Saudamo-nos com um aperto de mão ou gestos bem visíveis ou sons bocais perceptíveis. A banda também tem coisas boas para ensinar aqui na tuga!!!

Katwalisile! 

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