domingo, janeiro 16, 2005

Angolanos e Angola: que futuro?

É uma pergunta tão velha que deve doer aos ouvidos. Mas é real, actual e incontornável. Não existe uma resposta, mas sim respostas. A minha, e talvez não seja novidade, é: os Angolanos nascidos depois de 2002, isto é, a seguir a nossa vergonhosa e inexplicável guerra civil, terão o futuro que os governantes de hoje quiserem. O futuro dos angolanos depende, primeiramente, da capacidade e espírito de sacrifício e abnegação dos governantes de Angola. Eles têm a obrigação de amar os seus irmãos e desejar-lhes um futuro melhor. Isto passa por atitudes e acções concretas ao nível de adopção de políticas públicas credíveis e exequíveis que tornem possível um saneamento básico, reforma da rede de abastecimento de água potável e de energia eléctrica, reforma e melhoramento dos sistemas de educação e saúde, criação da rede de transportes públicos e reabilitação das redes rodoviárias e ferroviárias, criação do sistema de segurança social que garante subsídios de desemprego, rendimento mínimo de integração social, pensão de roforma e/ou invalidez...
Reformar o sistema político através de reformas legais, para tornar o Estado num Estado de Direito de facto, onde cada cidadão tem segura a sua vida, a sua propriedade, onde os contratos são respeitados e a justiça está ao alcance de todos e não impera a lei do mais forte. Assim será possível gerar-se oportunidades de investimento e emprego.
Todo este quadro de reformas impõe sacrifícios, mas é inadiável, porque é o futuro dos angolanos que está em jogo. Haja coragem e maturidade de consentir esses sacrifícios agora para que os outros vivam melhor. A razão é simples: o comboio já partiu!!!!!!!
Por outor lado, como não vivemos numa ilha deserta ou no paraíso, o futuro dos angolanos e de Angola depende daquilo que a dita comunidade internacionacional permitir que façamos. Interessa que os países credores perdoem a dívida externa aos angolanos e não aos governantes e monitorizem a aplicação do dinheiro na reforma de políticas públicas e do sistema político, nos aspectos assinalados acima.
É importante considerar que a dita comunidade internacional, é composta por países que têm grandes interesses vitais e estratégicos, quer económico quer militares. Só quando estes deixarem de falar mais alto do que o nosso direito a uma vida humana digna de ser vivida, ai sim o futuro dos angolanos será bem melhor porque resultará de um presente promissor.
Até lá, os governantes precisam ganhar a consciência e coragem de que não vale apenas adiar por mais tempo o futuro dos angolanos e de Angola, porque o comboio já partiu e do lado do outros não se vislumbra no horizonte uma vontade para tornar os seus interesses vitais e estratégicos tão importantes quanto o nosso direito a uma vida humana digna de ser vivida. Essa vontade é desejável que aconteça, mas o altruísmo a esse nível é quase impossível e percebe-se, porque mais não seja por razão de Estado será por razões eleitorais.
Upindi Pacatolo

1 comentário:

Anónimo disse...

Convido-o a visitar e a comentar o meu blog em http://angolasempre.blog.com

Carlos Lopes