domingo, outubro 29, 2006

DIZEM AS MÁS LÍNGUAS

Quero partilhar convosco uma inquietação da nossa operadora móvel UNITEL. Acontece que pela segunda vez, num espaço de quinze dias, ficamos com sinal fraco para não dizer sem sinal de telefone. Para conseguir-se uma ligação na mesma rede é preciso um exercício de paciência e persistência.

Há quase duas semanas encontrava-me no Namibe e vi-me privado do sinal telefónico. Imaginem meus amigos e minhas amigas alguém que depende do telemóvel para trabalhar e vir-se de repente privado desse precioso bem, sem mais nem menos. O mais aborrecido é que ninguém diz absolutamente nada. Falha técnica ou de sinal... Nada de nadica!!! E o pessoal lá vai tentando até conseguir uma ligação que por sorte não cai no número errado...

Encontrando-me em Benguela, volta a acontecer a mesma situação. De novo vejo-me aflito para trabalhar já que dependo dos contactos telefónicos. E mais uma vez, ninguém diz nada.

Como me sinto em casa, ganhei coragem e comecei a comentar o facto com pessoas amigas. Acreditem ou não, mas as respostas foram unânimes: está em Benguela algum manda chuva! Isso aqui é sempre assim. Quando vem um mandão de Luanda o sinal da UNITEL fica impossível.

É difícil acreditar nessas coincidências. Mas que as más línguas as vezes dizem a verdade ,lá isso dizem. Ou então será falsa a força do mujimbo (boato/notícia oficiosa)???!!!

Quem por cá anda ou já andou sabe bem o quanto custa caro não dar ouvidos aos mujimbos ou às más línguas. Pensando bem, na altura em que falhou o sinal no Namibe estava por lá uma delegação de manda - chuvas vinda de Luanda.

Coincidência ou não, alguma coisa está errada. Basta pensar que quando não há delegações de manda - chuvas o sinal não apresenta problemas. Então que se passa???!!!

Upindi Pacatolo

sexta-feira, outubro 27, 2006

NAS ESTRADAS DE ANGOLA

De volta à Luanda, a cidade da Kianda e da confusão. Vim a fugir com medo de ver essa nossa página bloqueiada. Mas para nossa satisfação concederam-nos mais uma oportunidade. Os novos compromissos não nos permitem manter uma presença regular nem na net, nem na blogsfera. Ainda bem! Eu cá não me queixo, porque podia ser bem pior.
Em três meses e qualquer coisa de Angola já viajei mais do que tinha feito na minha curta vida. Nem mesmo os anos de Portugal me proporcionaram tamanhas oportunidades. Hoje quero partilhar convosco o sofrimento de muitos angolanos que fazem das viagens por terra de uma cidade a outra o seu sustento e dos seus. É uma verdadeira odisseia. É uma tarefa herculiana. Mas lá eles vão conseguindo! Como? Só Deus sabe. O pior de tudo é que as opções são bastante reduzidas.
Tive oportunidade de viajar por terra de Luanda ao Lobito, como já referi em apontamentos anteriores. Confesso: sempre que repito a odisseia, vou-me surpreendendo com o avanço das obras daquilo que seria a reconstrução da estrada. Digo seria porque as obras em muitos troços não passam de um autêntico tapa - buracos. Espero estar enganado e que se trate apenas de fase pré-preliminar dos trabalhos. De contrário, é caso para dizer cuidado com a brincadeira e atenção aos senhores da fiscalização das obras públicas... Mas dá para ver o Morro do Shingo no Sumbe...
O meu cepticismo aumenta quando fazemos o percurso Luanda - Ndalatando. Aqui, sim! Com o agravante de ter que se usar uma picada depois do Zenza do Itombe, porque o percurso via Morro do Binda é um autêntico Deus nos acuda! Com as chuvas, não quero imaginar como deve ser duro viajar por essa via até Malange ou às Lundas. Mas os angolanos são de uma paciência e criatividade únicas, pesa embora seja abusada e pisada todos os dias. São outros quinhentos!
Nesses lados o estado das obras é encorajador porque há reposição de asfalto e pontes, mas a qualidade do tapete deixa muito a desejar. Aliás não dá para exigir muito porque a lógica aqui é fazer qualquer coisa que dure um ou dois anos. Asfalto doradouro pode ser subversão já que levará muitas pessoas ao desemprego porque acabam-se as justificações para obras nas estradas... Parece mentira né???!!!
Andando um pouco mais por aquela via encontram-se sinais evidentes de trabalho de tapa - buracos. Lá onde o asfalto do "coló" sobreviveu às investidas da guerra, da natureza e do tempo vão-se tapando os buracos que existem! O mais caricato é vermos que a terraplanagem dá sinais de auto-estradas. Mas quando apanhámos pedaços de estradas recém-asfaltadas vemo-las a "emagrecerem". Se alguém está a espera de encontrar auto-estradas nacionais por essas bandas "desengane-se"...
Mudando de rota, viajámos do Lubango ao Namibe. Que maravilha! Ver a Serra da Leba! Isso ai não tem explicação possível. É de uma beleza indescritível! Só visto! De todas é a estrada mais bem apresentada, com um asfalto que indicia muito trabalho e algum tempo de reflexão. São obras feitas para a posteridade. O único senão é o seu tamanho... Mas quando comparadas com as outras não minto se afirmar que são as melhores do país. E está tudo dito.
Finalmente! Vamos satisfazer uma curiosidae. Quem tiver coragem que faça experiência e nos desminta! Analisemos o exemplo que se segue: viagem de Luanda à Benguela/Lobito de avião demora entre 45 minutos a1h! O que é super confortável. Mas se parar e tentar fazer as contas, rapidamente chega a conclusão que é mais rápido ir de autocarro e demorar entre 7h a 8h certas. Há dúvidas???!!!
Vejamos: quando o avião tem a previsão de sair às 7h da manhã o check-in é as 5h. Quem vive longe tem de levantar entre as 3h e as 4h! O Avião acaba por sair entra as 7h e as 8h e qualquer coisa, quando não sai duas horas depois ou é simplesmente cancelado!!! Chegados ao destino é outra espera para levantar a bagagem e as várias filas de identificação e revista. Corre-se o risco de chegar à casa entre as 12h e as 15h!!! A demora é ainda maior se o trajecto for de outra cidade qualquer para Luanda. Basta pensar que os aviões saiem de Luanda com a demora anterior e quando se chega ao aeroporto de Luanda a espera pela bagagem é de cortar a respiração!!! Isso ainda quando o tapete rolante funciona, porque se faltar a luz ou estiver avariado, então...!!!
Quem sai de autocarro: parte as 6h e pode chegar na paragem 5 minutos antes. Por volta das 13h ou 14h e qualquer coisa, seguramente está em casa no Lobito ou em Benguela... Parece anedota né???!!! Está lançado o desafio é só experimentar...
Se tiver carro pessoal do tipo land cruiser ou prado, então é mil vezes melhor, não obstante o cansaço. Aliás é o que faz o pessoal do Lubando quando quer ir ao Namibe...
Até Breve!!!
Upindi Pacatolo